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Último instante

Caminho ao fim

Não me vou porque aprendi que minha dor irradia E as vezes eles são mais sentimentais do que eu Sumir da sina, parece utopia E hoje em dia já te registram ao nascer Que é pra constar seu check in na vida É impossível não ser É o que penso, as vezes, quando encaro de frente minha tristeza É impossível não tê-la  Nem nisso estou só  Eu penso que quando eles se forem, irei atrás Me prende apenas o egoísmo de saber que a dor deles será tão grande Que eu vou querer voltar pra me arrepender e não terei como Por isso eu não faço Por isso não insisto e desisto Por isso não ligo de envelhecer De ver meu corpo cair Minha pele com espinha Ou minha visão piorada O desgaste indica que está chegando ao fim E eu só quero encerrar, aqui, essa jornada. Mas nem isso controlo Não será no meu tempo Nem do meu jeito Porque tudo que faço envolve um coletivo Envolvem eles que foram os únicos a se apegarem a mim Quando nem eu tenho apego pelo que sou e por como me vejo Deve ser assim a vida vazia de uma obra

Paro

Em campo minado eu não caminho mais Desde que perdi meus pés de plomo e me deixaram de mãos atadas  Que avalio bem o sendero antes de dizer o que me satisfaz  Deixo as uvas verdes amadurecerem  Deixo eles pensarem e até serem Os furtivos algozes de minhas posições  Ventri-cu-lo como Pinóquio,  Como se fossem meus donos  Numa disfarçatez que só quem se escondeu de monstros para sobreviver, sabe fazer Os deixo pensar que são condutores Mas eu que sou a rua Controlo o ritmo Controlo a curva Escorrego em água Sou sagacidade crua Escoo em estrada Me torno rodovia Viro pista de arremate de meus próprios impulsos Faço do luto lúdico Pois a felicidade, nessa vida, A adjetivo de traiçoeira Cobra de duas cabeças Te pica e te rateia E em veneno, nada se cura Vou no meu tempo Respeito minhas amarguras Até que meu campo se recupere e floresça Há várias de mim E nenhuma delas usa a complacência Como forma de te agradar É só pra me preservar:  Do meu modo lagarta-casulo-seda E não espero que ninguém

Mulheres que correm por si mesmas

 Não corro em matilhas Tampouco em bandos Caço sozinha E divido com quem tá precisando Não tenho ego de ver o mundo ser do meu jeito Afinal, ninguém é perfeito E o aceito ser tal qual é Quando vejo algo de mim se concretizando, só me encho de fé Por ter ao meu lado o instinto do sapiens Em meio a tanto individualismo dos homos Fazendo corrida e sendo ao mesmo tempo o Touro Tolo Meu alvo é minha mente Expandi-la até me tornar descrente  Atrofiar teorias fúteis que se instalam como verdade Por meio de minha ação Buda Te deixo que a ti mesmo te chegue a labuta Da interna constatação do ser através do tempo É ele que conforta o andar do solitário Que entende cada dia como uma infinidade do acaso. Almenara. 29/02/2024

Intempéries Almenarinos

Da subida da serra pra cá o andor é diferente Já não te vêm como gente Te vêm como diferente E te dão indiferença Não dão bom dia, nem bença Impera o misericórdia e a falência O enriquecer o esperto Pelo tolo, que moram perto Ainda estão em 1700 e poucos Quando tinha ainda que só ver o preto de olho torto Ressabiado pelo seu existir Aqui ainda é assim Me vigiam por todo lado Mesmo com a minha conta bancária jorrando pelos lados Como nunca foi na vida Mas o que vale mesmo essa sina? Ter gimbrim em meio a tanta energia pesada Percorrer tão longe nessa estrada Pra o preço do boleto pago  ser racismo, humilhação e escárnio De uma gente que não percorreu um décimo do chão de mundo que você comeu Que conseguem conceber a ideia delas de sua trajetória, com a limitação cognitiva de suas vidas sem glórias Ganhando através de esquemas e nunca por vitórias Ainda presos em minha imagem como submissa no palo Não querem que eu tenha voz Mas se eu não falo, eu faço E quando eles vêm, tá a gente toman

O brilho que me cega

Estou cansada de revisitar aquele rio pra deixar minhas lágrimas Me diminuí tanto pra caber em seu barco Que não percebi que nessa jangada, só navegávamos eu e a correnteza Que me enganei ser seu destino Nos momentos que o movimento ia em direção ao sol Astro tão imenso quanto a dor e a felicidade de te ter Que qualquer luz perto do que me lembrasse o sol Ou qualquer contato mínimo que me lembrasse amor Eram o suficientes para me fazer enganar Por uma promessa que nunca quis se realizar Em um veleiro sem âncora que deambula Por entre as cheias que me fizeste afogar

Adiei o ódio

 Desde que eu morri Já renasci três vezes Oportunizei a desistência  como uma metahistória do meu recomeço E quando eu mesma achava que não conseguiria Eu lembrava que isso não era opinião minha Eu sempre alcancei tudo que queria Aceitar algum julgamento Ou sentença É coisa de quem não pensa E li tanto Que os livros ficam borbulhando em minha mente Ideias com consistência Rumando do pranto para o riso Dando raiva ao cinismo E desespero  Em quem já estava pronto para o meu enterro Teve que adiar... Mais uma vez eu cheguei onde A sua invidia não consegue imaginar Mad. L 05-08-2023

¿Yo qué sé?

 Mi má no cree que merezco el amor A ver por eso ella siempre me lo rechazó Y caigo en el dilema de que por eso lo seguí buscando Porque una quiere lo que no se está fijando Y creo que sí me lo merezco No soy culpable de no haber reaccionado cuando no podría Ni de no hacerlo cuando sí debería Ni de responder al aprendizaje que a mi cabría Pero aún creo en mí Creo en mi propia mirada que me hizo hasta aquí resistir Y de ver a tantas peleas, Dios hay que creer que sí, lo merecí Porque mi primera fortaleza fue creada a partir de sus palabras No las dulces, las saladas Que te tocan tan fondo que mismo sin sentirlas, miras Deambulando como la primera parte de mi alma que rompiste No me lo enseñaste, pero abriste La motivación a por que siempre perseguí Ser más allá del vocabulario que sabes decir 07-06-2023