Caminho ao fim
Não me vou porque aprendi que minha dor irradia
E as vezes eles são mais sentimentais do que eu
Sumir da sina, parece utopia
E hoje em dia já te registram ao nascer
Que é pra constar seu check in na vida
É impossível não ser
É o que penso, as vezes, quando encaro de frente minha tristeza
É impossível não tê-la
Nem nisso estou só
Eu penso que quando eles se forem, irei atrás
Me prende apenas o egoísmo de saber que a dor deles será tão grande
Que eu vou querer voltar pra me arrepender e não terei como
Por isso eu não faço
Por isso não insisto e desisto
Por isso não ligo de envelhecer
De ver meu corpo cair
Minha pele com espinha
Ou minha visão piorada
O desgaste indica que está chegando ao fim
E eu só quero encerrar, aqui, essa jornada.
Mas nem isso controlo
Não será no meu tempo
Nem do meu jeito
Porque tudo que faço envolve um coletivo
Envolvem eles que foram os únicos a se apegarem a mim
Quando nem eu tenho apego pelo que sou e por como me vejo
Deve ser assim a vida vazia de uma obra de arte
Será que ela entende a sua importância ou está ali sem entender nada e efusiva para sair do museu?
Me sinto exposta e sem bando
Mas não me visitam admiradores
Sempre me visitam conurbanos, delinquentes e vândalos
E, quem sabe, meu fundo tá lá longe imaginando minha forma de outro jeito?
Esse estado do presente eles não sabem
Esse estado latente eu escondo
Mas estão acabando os estoques de mímesis do irreal
E agora a única que resta
É não causar dor em quem queira ficar
Enquanto eu só não queria estar.
Estando.
Almenara. 24/04/24
23:29
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