Intempéries Almenarinos
Da subida da serra pra cá o andor é diferente
Já não te vêm como gente
Te vêm como diferente
E te dão indiferença
Não dão bom dia, nem bença
Impera o misericórdia e a falência
O enriquecer o esperto
Pelo tolo, que moram perto
Ainda estão em 1700 e poucos
Quando tinha ainda que só ver o preto de olho torto
Ressabiado pelo seu existir
Aqui ainda é assim
Me vigiam por todo lado
Mesmo com a minha conta bancária jorrando pelos lados
Como nunca foi na vida
Mas o que vale mesmo essa sina?
Ter gimbrim em meio a tanta energia pesada
Percorrer tão longe nessa estrada
Pra o preço do boleto pago
ser racismo, humilhação e escárnio
De uma gente que não percorreu um décimo do chão de mundo que você comeu
Que conseguem conceber a ideia delas de sua trajetória, com a limitação cognitiva de suas vidas sem glórias
Ganhando através de esquemas e nunca por vitórias
Ainda presos em minha imagem como submissa no palo
Não querem que eu tenha voz
Mas se eu não falo, eu faço
E quando eles vêm, tá a gente tomando o lugar
Enquanto eles ainda, chocados, só tem esse gesto pra tentar se equiparar
À grandeza que todo preto trás em seu pulsar.
10 anos após, as mesmas impressões de "Intempéries Diamantinos"
29/02/2024
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