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Mostrando postagens de abril, 2024

Caminho ao fim

Não me vou porque aprendi que minha dor irradia E as vezes eles são mais sentimentais do que eu Sumir da sina, parece utopia E hoje em dia já te registram ao nascer Que é pra constar seu check in na vida É impossível não ser É o que penso, as vezes, quando encaro de frente minha tristeza É impossível não tê-la  Nem nisso estou só  Eu penso que quando eles se forem, irei atrás Me prende apenas o egoísmo de saber que a dor deles será tão grande Que eu vou querer voltar pra me arrepender e não terei como Por isso eu não faço Por isso não insisto e desisto Por isso não ligo de envelhecer De ver meu corpo cair Minha pele com espinha Ou minha visão piorada O desgaste indica que está chegando ao fim E eu só quero encerrar, aqui, essa jornada. Mas nem isso controlo Não será no meu tempo Nem do meu jeito Porque tudo que faço envolve um coletivo Envolvem eles que foram os únicos a se apegarem a mim Quando nem eu tenho apego pelo que sou e por como me vejo Deve ser assim a vida vazia de uma obra

Paro

Em campo minado eu não caminho mais Desde que perdi meus pés de plomo e me deixaram de mãos atadas  Que avalio bem o sendero antes de dizer o que me satisfaz  Deixo as uvas verdes amadurecerem  Deixo eles pensarem e até serem Os furtivos algozes de minhas posições  Ventri-cu-lo como Pinóquio,  Como se fossem meus donos  Numa disfarçatez que só quem se escondeu de monstros para sobreviver, sabe fazer Os deixo pensar que são condutores Mas eu que sou a rua Controlo o ritmo Controlo a curva Escorrego em água Sou sagacidade crua Escoo em estrada Me torno rodovia Viro pista de arremate de meus próprios impulsos Faço do luto lúdico Pois a felicidade, nessa vida, A adjetivo de traiçoeira Cobra de duas cabeças Te pica e te rateia E em veneno, nada se cura Vou no meu tempo Respeito minhas amarguras Até que meu campo se recupere e floresça Há várias de mim E nenhuma delas usa a complacência Como forma de te agradar É só pra me preservar:  Do meu modo lagarta-casulo-seda E não espero que ninguém