Águas
Agora gosto muito de chuva
Me lembra o pedido que fiz, para a estrada até você não ser hostil
Para que ela também ficasse quando estivéssemos incendiadas
Para que fosse trilha sonora do meu, agora, som favorito
O ritmo que produz sentidos
Pela sua boca dentro de mim
E que abafa os gritos da minha alma em oda
Descobrindo tons em cada parte que você toca
A chuva me lembra como você desaguou cada milímetro do meu controle
Como molhou o mapa que eu detinha
E como perdi a direção nas correntezas de suas mãos
E você mergulhou em mim até encontrar minhas águas profundas e densas
E eu te ofereço margens extensas
Para que você saiba me alcançar
Agora,
É em vão pedir para a chuva parar
Desanuviará, primeiro, cada parte que ainda tem receio de correr ao mar contigo
E não há nada que impeça, o rio, de chegar até onde ele queira se mesclar
Pois, aqui, restavam a seca
E desejos que escorriam pelo sendero
E com a chuva, tanto cresceram
Que eu não tenho mais forças para drenar
As intempéries que tuas cheias, em mim, possam causar.
A D. Sete Lagoas. 1 de fevereiro. 2025.
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