Cíclica

Me reinvindicou aos excessos uma liberdade
Como se meu beijo fosse uma cela em teus vôos
Indo e voltando entre o não e o sim
Como se meu calor fosse a razão de teu entojo

E repetia, como mantra, a partida
Que eu entendi na primeira vez que avissastes
E me cobri de seguros o coração
Para não sentir cada vez que me deixastes

Quando o seu olhar em mim afundou
Embaralhou o que significava razão e emoção
E no seu jogo de cartas em que sou coringa
Salvou-me a alma que vagava indistinta

Ela é rainha de sete copas, com sete chaves dos corações perdidos em seu ir e vir
E eu, uma ilha flutuante, vagando no pacífico dos sons que me fez sentir
É música
É cura
É desatino
É im-posse
É noite
É lua
É toda uma sorte

Que como trevo, me deu quatro esperanças
De uma semente que não quis brotar
De um sonho que não consigo esquecer
De um sussurro que me fez levitar

Ah que saber, por certo, que o tempo
Ensina o jogo, ensina a plantar, ensina a colher
E eu nem tenho as ferramentas certas a paralisar, em mim, a frequência do teu ser.


À lua. 4 de abril 2020

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