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Mostrando postagens de abril, 2020

As marcas do caminho

E essas marcas que eu guardo em meus olhos, São de chorar os dias que não pude rir. E que provaram a inquietude desses corpos, Que eu me lancei quando não pude amar a mim. E essas linhas que contornam o meu colo, São os trocados que a vida me cobrou, Por confiar o meu sorriso àquela moça, Que na basura se desfez do meu amor. Esse olhar que perde o foco muito fácil, É pra lembrar que confiável é se enxergar, Sentir a dor te modelar até os ossos, E a lembrança se tornar uma página. Esse sair é pra voltar dentro de si, E resgatar o que de bom em ti ficou, Não só de vícios se constrói um novo eu, Não só com amor esse sorriso se gastou. Se tenho o ar que ainda quer ficar aqui, Se o sol se pôs e renasceu pra me tocar, Trouxe calor para me recordar que, Nem só de luz é que se sente a vida. Se outras marcas me atropelam o coração, E ele pulsa como se fosse curar, Eu pego as linhas e mudo minha direção, Onde os meus olhos possam, de novo, se deslumbrar.

Cíclica

Me reinvindicou aos excessos uma liberdade Como se meu beijo fosse uma cela em teus vôos Indo e voltando entre o não e o sim Como se meu calor fosse a razão de teu entojo E repetia, como mantra, a partida Que eu entendi na primeira vez que avissastes E me cobri de seguros o coração Para não sentir cada vez que me deixastes Quando o seu olhar em mim afundou Embaralhou o que significava razão e emoção E no seu jogo de cartas em que sou coringa Salvou-me a alma que vagava indistinta Ela é rainha de sete copas, com sete chaves dos corações perdidos em seu ir e vir E eu, uma ilha flutuante, vagando no pacífico dos sons que me fez sentir É música É cura É desatino É im-posse É noite É lua É toda uma sorte Que como trevo, me deu quatro esperanças De uma semente que não quis brotar De um sonho que não consigo esquecer De um sussurro que me fez levitar Ah que saber, por certo, que o tempo Ensina o jogo, ensina a plantar, ensina a colher E eu nem tenho as ferramen