As marcas do caminho
E essas marcas que eu guardo em meus olhos, São de chorar os dias que não pude rir. E que provaram a inquietude desses corpos, Que eu me lancei quando não pude amar a mim. E essas linhas que contornam o meu colo, São os trocados que a vida me cobrou, Por confiar o meu sorriso àquela moça, Que na basura se desfez do meu amor. Esse olhar que perde o foco muito fácil, É pra lembrar que confiável é se enxergar, Sentir a dor te modelar até os ossos, E a lembrança se tornar uma página. Esse sair é pra voltar dentro de si, E resgatar o que de bom em ti ficou, Não só de vícios se constrói um novo eu, Não só com amor esse sorriso se gastou. Se tenho o ar que ainda quer ficar aqui, Se o sol se pôs e renasceu pra me tocar, Trouxe calor para me recordar que, Nem só de luz é que se sente a vida. Se outras marcas me atropelam o coração, E ele pulsa como se fosse curar, Eu pego as linhas e mudo minha direção, Onde os meus olhos possam, de novo, se deslumbrar.