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Mostrando postagens de maio, 2017

Combustão

Um coração feito folha seca Que se deteve no outono Transpassa estações estático Sem floreios de instantes Coração apático Eu o rego, levo, entrego Mas em torrentes, me recolho Pois a natureza morta que domo Desvela em pó na terra árida do pranto Destes elementos que te regem Não é o teu sopro que me move Ou suas doses que eu tomo Eu, folha seca, quero queimar minhas raízes Preciso que esbrasa-me e instigue Para que renasça na terra fértil de seu lar Queimo, porque é o meu carma Incendeio, pois é a minha rota Imparável enquanto sinto E o que a controla é o quanto me aquece ou enquanto o caminho tem sentido Apago, porque é o meu escudo E em fumaça, me recuso aportes Desapareço no ar e deixo o cheiro na memória E em ti não volto a arder ainda que me imploras

Que me lucida

Casi nunca tuve paciencia para nada Más aún para lo que yo no sé cuando va llegar De remesas a encuentros de mensajes, a autobuses Me cuesta esperar Cuando se puede mover, por que la comodidad? Cuando se puede hacer, por que el recelo? Cuando puede arriesgarse, por que el miedo? Yo también me rompo y me monto Soy un elemento vigorizante Enciendo, estallo y quemo Pero mantengo encendida mi luz Pues salgo en el día y voltea la noche a mi vida Para protegerme de lo que me lucida

Atou-me

O cheiro ficou na roupa A voz ecoou no peito O tato sentido coloquial E o gosto sentido oblíquo A imagem nítida no pensamento De trejeitos que eu me confundo Sendo a ânsia inimiga do fato Que me consome o árduo infortúnio A voz emudece no sono Onde sonhos repetem o instante Do despertar difuso em conflito De esperar onde caibo em seu ciclo Eu troco a saciedade pelo sorriso. E troco o instante por momentos vagarosos. Nas curvas que te delineiam eu sigo seus passos. Para o final do meu ensejo ser o encontro de seu abraço. E assim me esmero e espero retorno Me recolho e aguardo os dias. Sei que tranquilidade, de ti, não terei Pois ages, em mim, como uma dança que inebria.

Quando o outono te trouxe

Agora me falta o toque que nomeio de adequado em mim Ausenta, do outro lado, a temperatura certa do seu corpo A cama se expande, E eu me encolho em lembranças. O tempo do clima, o tempo das horas, se confundem no tempo da falta. Que te trará, novamente, apenas daqui uma noite. Sendo esta, em que escrevo, tida como perdida no repouso. Contudo, ao menos diminui a tenacidade da espera enquanto tento me aquecer, em vão, nessa cama fria. - Mas, quando puder, fica! No canto ou no centro do meu espaço-tempo. Para que eu, em sua ida, Guarde por dentro, O calor de sua estadia. Em mim.