Combustão
Um coração feito folha seca Que se deteve no outono Transpassa estações estático Sem floreios de instantes Coração apático Eu o rego, levo, entrego Mas em torrentes, me recolho Pois a natureza morta que domo Desvela em pó na terra árida do pranto Destes elementos que te regem Não é o teu sopro que me move Ou suas doses que eu tomo Eu, folha seca, quero queimar minhas raízes Preciso que esbrasa-me e instigue Para que renasça na terra fértil de seu lar Queimo, porque é o meu carma Incendeio, pois é a minha rota Imparável enquanto sinto E o que a controla é o quanto me aquece ou enquanto o caminho tem sentido Apago, porque é o meu escudo E em fumaça, me recuso aportes Desapareço no ar e deixo o cheiro na memória E em ti não volto a arder ainda que me imploras