Buraco negro
Todo o tempo ocioso, torna-se um momento de refletir, agradecer, odiar e não perecer. Em meio às distrações que meus familiares e amigos tentam criar sob mim, ainda paira em cada silêncio das madrugadas de insônia, o sentimento de tempo perdido e a máxima relutando em minha mente sobre "ainda ser jovem".
Nunca gostei de depender do tempo. "El tiempo no me mueve, yo me muevo con el tiempo."
Estava pensando sobre os sonhos e, especialmente, os sonhos que quero lograr: porque ainda é tão caro cada mínima parcela que alcanço em minha vida? Para algumas pessoas, tudo parece tão barato, tão fácil, tão acessível, tão leve.
As vezes eu esqueço que, mesmo não levando malas, eu carrego uma bagagem inscrita em meu dna. Está na minha cara, nos meus pés, no meu cabelo, mas, principalmente, no meu coração.
Eu não me sinto cansada de carregar tudo isso, eu só sinto dor nas vistas, nos ouvidos, nas pernas que, dessa vez, me impeliram à fugir daquilo que eu não tinha dimensão e nem forças para encarar.
O desgaste é diferente do cansaço. O cansaço cessa com o descanso, esse tempo ocioso que estou tendo. Já o desgaste, ele fica preso no meu olhar. Trava com aquelas correntes os meus desejos e me colocam estática sobre "tentar uma vez mais".
Eu ainda não descobri como recuperar meu corpo e mente desse desgaste. Me falta justiça, me falta compreensão, me falta lei, educação e até a boa vontade de quem está lendo isso, pra impedir que isso siga existindo.
É até utópico da minha parte pensar que algo de humanidade vá provenir de vocês, "Quem ordena a execução, não acende a fogueira."
Todos os dias eu luto para não perecer mais. Para não odiar mais. Para não sentir mais, e só acabo me desgastando.
Eu falo que seguirei em frente, porque é o discurso que nós, minorias, decoramos como mantra para não desistir, mas nem mesmo eu sei o que está à frente. Eu tenho medo de descobrir. À frente de que e de quem?
Até onde meus olhos desgastados poderão enxergar?
O caminho sempre esteve escuro para nós. As vezes nos dão uma lanternas e as vezes nos dão mapas primitivos que não mostram tantos percalços no caminho, tantas subidas, e o que acontece é que não temos equipamentos para escalar esse monte social e nem tivemos como nos preparar para o caminho e tampouco, meios para adquirir equipamentos adequados, e a nossa queda é inevitável.
Eu cai de um morro tão alto, que perdi parte da minha consciência. Os resquícios físicos ainda não se curaram, foram feridas profundas que eu ainda não encontrei remédio para curá-las. Eu sinto que ainda estou rolando morro abaixo, caindo, me debatendo para agarrar-me em alguma esperança de que vou me reerguer, segurando em pedras, colecionando perdas e sem conseguir enxergar a profundidade desse abismo.
É um buraco negro ser negra.
Nunca gostei de depender do tempo. "El tiempo no me mueve, yo me muevo con el tiempo."
Estava pensando sobre os sonhos e, especialmente, os sonhos que quero lograr: porque ainda é tão caro cada mínima parcela que alcanço em minha vida? Para algumas pessoas, tudo parece tão barato, tão fácil, tão acessível, tão leve.
As vezes eu esqueço que, mesmo não levando malas, eu carrego uma bagagem inscrita em meu dna. Está na minha cara, nos meus pés, no meu cabelo, mas, principalmente, no meu coração.
Eu não me sinto cansada de carregar tudo isso, eu só sinto dor nas vistas, nos ouvidos, nas pernas que, dessa vez, me impeliram à fugir daquilo que eu não tinha dimensão e nem forças para encarar.
O desgaste é diferente do cansaço. O cansaço cessa com o descanso, esse tempo ocioso que estou tendo. Já o desgaste, ele fica preso no meu olhar. Trava com aquelas correntes os meus desejos e me colocam estática sobre "tentar uma vez mais".
Eu ainda não descobri como recuperar meu corpo e mente desse desgaste. Me falta justiça, me falta compreensão, me falta lei, educação e até a boa vontade de quem está lendo isso, pra impedir que isso siga existindo.
É até utópico da minha parte pensar que algo de humanidade vá provenir de vocês, "Quem ordena a execução, não acende a fogueira."
Todos os dias eu luto para não perecer mais. Para não odiar mais. Para não sentir mais, e só acabo me desgastando.
Eu falo que seguirei em frente, porque é o discurso que nós, minorias, decoramos como mantra para não desistir, mas nem mesmo eu sei o que está à frente. Eu tenho medo de descobrir. À frente de que e de quem?
Até onde meus olhos desgastados poderão enxergar?
O caminho sempre esteve escuro para nós. As vezes nos dão uma lanternas e as vezes nos dão mapas primitivos que não mostram tantos percalços no caminho, tantas subidas, e o que acontece é que não temos equipamentos para escalar esse monte social e nem tivemos como nos preparar para o caminho e tampouco, meios para adquirir equipamentos adequados, e a nossa queda é inevitável.
Eu cai de um morro tão alto, que perdi parte da minha consciência. Os resquícios físicos ainda não se curaram, foram feridas profundas que eu ainda não encontrei remédio para curá-las. Eu sinto que ainda estou rolando morro abaixo, caindo, me debatendo para agarrar-me em alguma esperança de que vou me reerguer, segurando em pedras, colecionando perdas e sem conseguir enxergar a profundidade desse abismo.
É um buraco negro ser negra.
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