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Mostrando postagens de julho, 2015

Dias desleais

Escondeu sua tristeza atrás de alguns corpos Trocou seu pranto por taças vazias E seu sorriso fantasiava um  prazer carnal Onde não sentiu nenhuma simetria As linhas de uma razão perdida estavam se apagando E seus olhos marejados encontraram como empatia A volta de um sentido que não queria perder A ida de um suplício que não necessitaria fazer Nunca lhe faltou coragem para acreditar Mas lhe falta vontade de recomeçar

Insistir

Eu era feliz feito criança Que encontrou seu brinquedo favorito em suas mãos Que não via alegria em outros parques Nem graça em outros sorrisos E sabia dos riscos de me lançar em seus infinitos Tão moderados Sempre ariscos Que era tranquilo me fazer caça em suas armadilhas Todas eu vi Mas não te puni, já que encarei seus desafios e os ajustei a mim É sempre doído quando a empatia se torna covardia Quando seu medo toma as rédeas E seu lado bom domina qualquer chance de redenção Mas é sempre possível ser criança de novo Encontrar pelos parques um caminho menos torto Para que os dias se endireitem e siguem Felizes são os que se arrisquem, para que seus medos se tornem risadas Para que, no fim, não sinta nada Que uma nova paisagem possa curar. E a sua inocência se renovar.

Adentro

Si no la extraño Mi cabeza trata de hacerme sentir Lo que mi corazón desea olvidar Si no la siento Mi cuerpo trata de recordar para que yo sepa que no hay límites en mi dolor Si no hay cambio Si no hay honor Ya sé que sigo sin cambiar lo que pienso Y ya nada va seguir Si no hay la rutina de mis sueños contigo Ya sé que sigues sin estar aquí.

Intertex'dualidade

Saiu com o legado de heroi E foi coroada Dama por Quixote Aos aplausos de Sancho E invejada por Eréndira Sabia que a fidelidade e admiração de Napoleão E o orgulho que sentia Sor Juana Valiam cada instante macabéico que vivera Não bastava ter visto que sua armadura ingênua, de papelão, não a protegera dos ventos de sua amada desalmada E nem que seu arrullo não era feito para ventos fortes Todos nos enganamos com a ficção E talvez, os dragões que vence, sejam seus melhores escudeiros Mas assim é feito a fantasia Da mágica dos autores Errados são os leitores que esperam algo do poeta Que desconstroem todos os significados, inclusive, os do amor, mito e lendário. Mad. L

Mímesis

Macabéa a esperava do outro lado da avenida. Tinha aquele sorriso descrente e robótico e um olhar que dizia: Eu lhe entendo. Reclamei pra Deus: - Foste esse o cupido que me direcionastes para a vida? E tudo estava explicado.  

Só pra me gastar

Dobrou a esquina Caminhava diferente e agora pensava: Preciso ler sobre o inverso dos sintomas do amor Gastou tanto tempo preenchendo testes Que esqueceu que a estatística para eles estarem certos Era a mínima probabilidade de você ficar Mas se animava quando o mundo a contradizia E te trazia até o meu canto Passou perfume, pediu ao Santo, para bem-dizer a aurora que viria Ah, mal sabia que chuvas de verão podem se prolongar A brisa forte que me deixava inteira Poderia ser desviada nessa lei de não se entregar Mas foi só pra se testar Porque andava descrente de sua bondade Questionou sua alegria, mudou sua imagem Para que não refletissem seu eu agostino Trouxe o primeiro de abril um conto tão sombrio Que queimou feito fogueira a sua crença no São João E até evitava de ouvir um “não” quando se segurava para não se importar Só pra se enganar Que primeiro de abril era mentira do povo Quem não estaria assim, louco, se visse no ato seu corpo arf

Física

Os opostos se esvaem Os que creem se alcançam E os que querem... Ah, esses se perdem. Os que duvidam, desses desacredito. Os que persistem se quebram Os que desistem, me esmero E os parecidos com você? Erram de novo até perecer.

Fim

Que gosto tem a dor? De fumaça, cerveja quente e A cada cigarro tentava ser algo pior Pra si mesma Quando sua imagem será negativa? Meu coração se recusa a te odiar Assim como se recusou a te amar Eu minto pra quem?

Enchente

Peca por sua bondade Só não questionou o seu destino, pois há semanas atrás obteve resposta Mas nada contesta a pergunta simples A razão inquestionável E o sentido da missão cumprida Comprida, isso de aprender a entende-lo E ninguém lhe avisa dos percalços do caminho Onde a estrada é tênue, faz miragem Incredulidade Transpôs seu rio após a cheia Que depois de tanta água, não sabe onde desaguar Filtrou Furou Estagnou E se afundou Não tão fundo quanto seus pés não possam alcançar Porque estava raso, raro, escasso Cansado de nadar. Mad. L

Trastabilló

As vezes me empodero em meu desejo Como se o egoísmo fosse uma defesa Onde me salvo dessa rotina E escapar é a certeza de reencontrar-me Eu sou rio em tempos de cheia Dou a vida, dou-me inteira E se uma fonte seca Trato de me achar em outros afluentes Outras vidas mais frequentes Pra sua morte não me limar E faço corredeiras turvas Enchentes E desaguo Porque sempre tem um novo lago Onde eu possa mergulhar. Mad. L