Curta metragem
Existe uma pequena película que recobre os meus pensamentos de se tornarem tão fracos, mas que não suporta, também, nada que se apresente forte. É algo que não cerra os olhos, não imuniza o coração e tampoco enjaula as reflexões. O conflito se inicia no jogo de interesses entre mente e sentimento, sim, um combate entre existir e sobreviver contra persistir e acomodar. Quando se é arquetipado de limitações é difícil manter o equilíbrio e neutralidade perante cada golpe, mesmo de baixa intensidade que te toca como uma brisa fria, se você é uma folha fina e rasa. Os papeis que interpreto estão desgastados e ser artista de sua própria obra, dentro de um roteiro sem lugar, em que você não sabe se pertence, é perda em qualquer arte que se ache presa a ser qualificada. Por onde ando, avalio cada espaço com precisão de olhar furtivo e imagino os por quês de questões que ninguém pergunta. Eu refuto o tempo, pois está marcado em mim um passado de responsabilidades que ainda tenho que cumprir ou ser destacada por ele independente de onde estou. Não é esse tipo de atenção que preciso. Talvez se evito olhares diurtinamente, é porque em todos enxergo questionamentos que suas bocas não precisem perguntar. Talvez se me afasto, é por que cada gesto remete ao latente processo agressor e já tenho peso demais para segurar. Como sou papel rasurado, amassado, algumas novas escritas podem não aparecer, dependendo do pincel que você quer usar pra me pintar. Ultimamente, tenho feito escritos à lápis, desses que são fáceis de apagar, caso terminem a epopeia com reticências. Posso dizer: prefiro pontos finais. Todas as autoras que querem assinar-me e assassinar-me a alma são péssimas continuistas ou abstratas-humanistas que fazem filosofia com minha baixa estima, perguntam, mas não permanecem para ouvir a resposta, eu também quero julgar. Essas que fazem monólogos sobre o meu corpo, escritoras virís de minha insônia e que não possuem todos os sentidos, por assim dizer. A minha (im) perfeição foi nascer com todos esses sentidos aguçados, torpes, sedentos por serem desafiados na comédia romântica dessa vida; romântica no sentido idealizador da teoria. Mal sabe que já é a campeã dessa competição que, veja, ninguém se orgulharia em ganhar. A número um em desafiar o próprio coração ao esgotamento de qualquer renascimento de sua própria ilusão. Então, o final só me contesta que eu mesma crio roteiros e cenários do meu próprio carma, e como dito a princípio, eu me responsabilizo por todos os personagens que dialogam em minha trama. Talvez devesse não te dar voz e nem autonomia sobre as lacunas que permitem coadjuvantes nesse roteiro falido com tão pouca idade ou mudar de cenário, de início, de "era uma vez" para "esta é a única vez". A ruptura é ensinar ao poeta a viver de escrita dura, ser só um significante, afinal, é o que o mundo exige: padrão, objetividade e exatidão : vou pintar uma fórmula pronta em minha irracionalidade que, já sei, é humanamente impossível.
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