Para quando reler-me

Vinte e dois, a idade que eu não imaginava, e que só tinham aqueles mais velhos do que eu. A maturidade me vem com uma simplicidade merecedora de pouca atenção e afirmação. Nunca na história dessa mente, buscou-se tanto que esse corpo se auto afirmasse na sua individualidade medida, na sua independência erguida, com o aprendizado de dizer não. Disse não a solidão acompanhada, da necessidade falseada, e da dependência por obsessão, e o que almejava era somente o encontro satisfatório com esse momento de dizer: Eu sobrevivi.
Se a lógica seguir, esse 22 par, essa idade que casa com anos pares, são os encontros mais parelhos que o meu coração descobre. De um 21 agostino, um 20 carnavalesco, que venha um 22, mesmo que grotesco, cheio de si, na beleza dos maus momentos, os encontros com maus exemplos, enquanto há tempo de distingui-los.  A piada que acompanha o número, vem-se fazer no meu porto inseguro de minhas origens, e tudo cresceu, desenvolveu, foi e voltou. Aquilo que tem que ficar, eu já sinto no gosto. O bom é que sempre me permito mudar, sem esperar por dias primeiros, ou segundas, afinal, ser um onze pode significar ter dois começos, 1 e sempre mais 1 se aquele outro não der certo. 
Talvez o 21 foi o pior por ter que aprender tudo isso, mas deixou para o seu sucessor um caminho livre, uma mente renovada, e um coração cicatrizado, que deixo claro, é um poeta burro e de novo vai se entregar e mãos mais quentes, comedidas e seguras, porque ele agora é seguro de si e do seu amor próprio. O coração envelheceu mais do que essa ruga que aquele artigo até 4h da manhã, aquele choro que não me fez dormir, e aquele beijo que me despertou, se realizaram em mim. Que as decepções não durem mais do que uma garrafa de cerveja entre os amigos, a dor não seja sentida, mais do que a sua ida, inocência, e que a felicidade dure todos os encontros e sonhos que ainda vou realizar. Que os anos sejam Montevideanos, os dias, felizes e baianos, e o calor, profundo como a minha alma emprestada do meu pai. A criança que eu fui, sim, teria orgulho de mim. Aquilo que foi-se, nem precisa ser dito. Obrigada por levar de mim a minha inocência. A renovação demora, e nada melhor do que gastar meu outro 1 do 11, pra recomeçar com o pé direito a nova idade.

Eu vim por me amar. E seguirei lado a lado com ela, a minha felicidade. 


11-04-2014 para todos os seguintes onzes do quatro

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