Capítulo II

"Segue o vento sob minhas assas, eu não mando mais em nada, sei que é alto, mas eu vou pular..."
Nao sei porque não pulei.
Cheguei, sentei e não me senti livre. Me senti presa de ver o limite do horizonte. Se eu fosse até ele, se eu for atrás, nunca vai ter fim. Nadar e falar agora é incerto, é infinito; de cor. Se eu fosse até você ficaria anos, presa, na lei ou na minha lei de sempre querer voltar pra você independente de qualquer coisa. Mas agora independe de mim, porque eu não tenho mais controle. Nao tenho controle do cigarro que voa a cada ventania, do meu corpo lutando pra não deixar lágrimas no banco da rambla e na gola da minha camisa, do alcool que parou de queimar, por vício ou por má sorte, nem assim me fez deixar de derreter, de despencar, de rebaixar meu controle a uma pane sem reparos. Estou irreparável.
Boa sorte foi ninguém passar...o que deixou-me tranquila pra iniciar um diálogo do lado errado. Gritar ao Rio de la Plata não iria fazer você escutar em outro Rio que estava. Por isso não quero que chegue Janeiro, quando tenho que ir. Pra onde?
- Porque isso!
-Nao!
- Nao?
- Nao. Mas entoado.
- Porque você fez isso comigo? Porque assim?
Alcool ja estava sem sentido e tomei mais rápido pra acabar logo, e não poupei o mar. Estar ali seria a culpa? Sair do real dos meus sonhos era a sentença disso? Sabe, eu segurei minha III forma de razão  e não a mostrei, nem dividi com ninguém, só com a minha mente quando eu imaginava por noites curtas que você estava aqui. Tanto espanhol, tanta novidade, quanta saudade que apaguei da minha razão II me permitir viver tao intensamente...desde agora. Que se foi. Passou e bateu como esse vento me obrigando a deitar um degrau abaixo do banco. Agora vejo as ondas mais de perto, mas quase não se via. Anoiteceu e eu nem percebi. Só pelos postes. Porque o céu continuava vermelho, onde eu via 3 rostos. Um parecia minha mãe  outros não sei dizer, não importava. Mas agradeço a eles por terem me ouvido. E foi alto, fundo e ácido  Lembrar dos tropos de Meta-história e tentar discernir como estava sendo escrita minha vida agora. Qual era minha consciência, meu protocolo. Quebrei todos. Você pode pensar que foi tragédia, e leia-se,  "A tragédia e a comédia levam o conflito a sério, mesmo que aquela resulte numa visão da ulterior reconciliação de forças opostas e esta numa revelação da natureza das forças que se opõem  ao homem." e  me sentia assim "A sátira representa uma espécie diferente de restrição às esperanças, possibilidades e verdades da existência humana reveladas na estória romanesca, na comédia e na tragédia respectivamente." . Mas, “As reconciliações que ocorrem no final da tragédia são muito mais sombrias; tem caráter de resignações dos homens com as condições em que devem labutar no mundo.”. Entendeu? Nem eu. Quando me soltei do meu sonho épico para prender-me nessa história romanesca de auto-identificação com minha face sôfrega, resignada a dor. Só quero transcender essa experiencia ruim e me libertar. Tao borracha que queria a minha última lembrança nas minhas meta-felicidades antigas...
Cadê vez que tentava acender uno más, o vento, que não era Éolo p* nenhuma, era, hoje vejo, a minha mãe que não me permitia. Pra tentar virar para o lado, quase caí no mar e ri da culpabilidade que ninguém teria. Queimava, acendia, retornava a chorar. Apagavam-se com lágrimas e com o vento. Até que acabou mesmo. Alcool, garrafa lançada, má sorte em fardo, pensando...chorando...cantando...bem até: Eu que não fumo queria um cigarro, eu que não amo você envelheci 10 anos ou mais, nessas últimas horas...que entra pela porta que você deixou aberta ao sair. Aqui é o meu lugar? Não sei se pensava, comecei a dormir, cantar, desamar, gritar, sem ordem. Estava começando a ter o dever de reordenar minha vida...até dormir.

Fui acordada pela chuva, que disparou tao forte e tao rápido, que ironia novelesca foi me abrigar debaixo de uma igreja com estilo gótico, sei lá. E parecia que só chovia em mim. Só dói em mim? Só foi pra mim? Eu, yo pra onde vou? E encontrei um amigo, com um perro. Acho que só depois de um tempo que me lembrei que eu era mulher vulnerável e estava em uma zona perigosa com a calça jeans molhada. Ofereci um cigarro pra não ser roubada - Buena onda vos! - ele disse. Ele ofereceu algo que nao vou dizer, pois em textos, você interpretaria que eu estava tao perdida que me permiti usar e omiti e saímos...essa parte não interessa, ficariam preocupados, mas não! Não me violaram, não me roubaram, não me abusaram, isso foi um papel que só você soube encarar e mentir tao bem.
Depois de uma aventura que quem quiser, me pergunte... corri. Já estava completamente cheia de água, não as contive. Nem quando peguei o omnibus que nem sei para onde iria. Perto da minha casa, sorte... não existe. Máscara que ficou na chuva, ou na aula, ou na rua que devia ter escondido, assim como meu coração pra evitar olhares no onibus e evitar o seu mal trato com meu tempo de ficar bem...só e comigo. Mas vem o verão  e só deixam portas abertas no inverno, para o acaso de um dia tentar bater...agora só será verão  de portas fechadas para um recomeço caloroso.


Créditos a White, que agora virou psicólogo na escrita literária ficcional na história da minha vida.


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