Querer, não querer (o amanhã não tem data)
Não quis levantar.
Não quis abrir os olhos.
Não quis ao menos acordar, e nem dormir.
Não desejou saber o que lhe angustiava a alma.
Há muito nem lhe gananciava ter uma,
Uma que não pode ser só,
Essa que não foi feita em nós constantes, e nos distantes do que possa gostar.
Não quis gostar.
Não sabe o que é.
Isso quis saber, pra mais cedo se livrar,
De dor, culpa, rancor.
Eu quis não querer,
Ficar indiferente de tanto ter que ser, e viver,
De tanto a cumprir,
E muito a esconder debaixo de faces contentes,
Que fingem indigentes que está tudo normal.
Mas não quero o normal.
E me lembrei que não quero querer.
Então, o que vou ser?
Um ser sozinho, apático.
Mentir tristeza, medo, descaso.
Escrever pra ninguém um labor solitário,
E ficar ausente, reciclar meus relicários debandados de uma alma que eu não quis e a recíproca corpórea,
De palavras que não quero escrever.
De pensamentos que não quero ter.
De ideias que não se fixam.
De arquétipos que criam, para que eu possa ser assim, igual a você.
Somos todos clones!
E há qualquer momento retornaremos aos mesmos sentimentos limitados que hão de servir um dia.
Um dia... Eu esperarei outro dia.
Um dia eu não quis levantar, gostar, sentir, e nem viver.
Um dia eu percebi que somos um intrínseco absorto emaranhado de equidades.
E quais. Iguais. Normais.
Todos!
E me lembrei de que não quero querer saber isso,
Repassar, repensar, remar.
Contra o que nem sei que forma toma dentro de cada um de nós,
E particularmente diferente em um cada qual.
Dialeticamente falando.
Expostos nessa má vontade atônita e estacionada que já vem desde que penso,
Não somente eu, o um, mas o único e sábio individual que é seu.
A vontade é sua.
O desespero é meu!
E as consequências sujam todos esses uns cabais particulares e gerais coletivos.
Perde-se a vontade
Por causa de tanta conformidade.
Verdade já me cansa.
Mesmo sem estar aqui ha tão poucos vinte anos.
Eu lutarei sozinha, então, pois...
Mas hoje, nós
Não quisemos levantar.
Não queremos abrir os olhos.
Não queríamos ao menos acordar, e nem dormir.
Amanhã eu terei vontade...
Mas no amanhã eu sentirei isso novamente?
Então não tem data certa ou marcada.
- Espere o dia quando me prejudicar,
Porque assim me revoltarei – Mas será sozinho -
Pois eu não estou mais para contestar...
Porque hoje,
Eu quis não querer.
Só fiquei indiferente de tanto ter que ser, e viver.
De tanto a cumprir.
E muito a esconder debaixo de faces contentes,
Que fingem indigentes que está tudo normal.
Willyane de Paula
09/06/2011
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