Arca Vazia
Fazem alguns dias que você fugiu
Mas não existe uma lacuna vazia
Ou um espaço sem ocupação
Tratei de dar-te aquilo que me oferecia
Consegui, quando soube o preço das minhas lágrimas
E a raridade dos meus momentos de alegria
Te recusei quando você também disse não
Assim, parelhas
Sem esperar demais do início
E me arrumando todos os dias pra aguardar o final
Ah, os finais...
Os finais eram sempre sobrevida e valorização do ego
Respaldados por essas músicas que não mais quero escutar
Crescentes como os hábitos que você me ensinou
E inconstantes como seu humor
Mas nunca tiveram fim
É estranho esses dias revelarem uma interrupção
Daquilo que a gente nunca quis nomear
Não dosou
Não se esforçou
Desgastando o que não tínhamos e o que marcou a ausência
Paciência
Qual profeta da atualidade constrói aquilo que não sabe o que é?
Começamos nossa história, rima pobre, como uma Arca de Noé
Acreditando num ímpeto sem fundamento
Nos protegemos do mau tempo
Do nosso próprio despreparo
Mas construímos
E agora a arca está sem serventia
Porque ambas nos mostramos tão vazias
E toda essa grandeza que criamos
Ainda não tem lugar para divagar.
Ainda não tem lugar para divagar.
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